"Dois é o consenso. Pergunte a cada um dos fãs do Legião Urbana qual seu álbum favorito e aparecerão turmas para quase todos os discos. Uns escolherão o primitivo Que País é Este?, outros ficam com o pacífico As Quatro Estações, alguns preferem o doce O Descobrimento do Brasil, uns o hermético e denso V ou o triste A Tempestade ou o Livro dos Dias, outros ainda o leque pós-punk que era o primeiro disco do grupo. Mas todos confirmam o respeito e a devoção ao disco pardo, à capa ocre que tornou-se bege no CD, com o nome do grupo imponente como uma placa de escritório de advocacia (ou exército romano, como o próprio grupo deixava entender ao usar o slogan Urbana Legio Omnia Vincit) e nome do disco escrito apenas em alto relevo, à moda do nome dos Beatles na capa do Álbum Branco."
HISTÓRIA DO ROCK, por Alexandre Matias
Concordo plenamente, e vou mais longe ainda: na minha modesta opinião uma musica se destaca, Acrilic on Canvas. Não é só a melhor musica do disco, como a melhor da Legião Urbana e a mais bonita de todos os tempos. Queletra, que arranjo, que melodia!
Eu sei que isso tem muito mais a ver com a minha percepção, por "quem eu era" quando a ouvi, mas sejam honestos comigo: é ou não é uma beleza?
É saudade, então
E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra
E era sempre: “Não foi por mal
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste”
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são
Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do teu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com as lágrimas que não brincaram com você
Destilei óleo de linhaça
E da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz,então,pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do baton que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei no horizonte
E era sempre: “Não foi por mal
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez”
E era sempre,sempre o mesmo novamente
A mesma traição
Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito,ela não mora mais aqui"
Mas então,por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "Amor-Perfeito"
E "Não-Te-Esqueças-De-Mim"
Um forte abrrrraço.